Apresentação

Estima-se que o Brasil abrigue entre 15 e 20% de cerca de um milhão e meio de espécies existentes no planeta, de microorganismos a angiospermas e mamíferos (Forero & Mori 1995; Prance 1977; Raven 1988; Thomas 1999). É o país com a maior diversidade de plantas vasculares (ca. 32.300 espécies) e de espécies endêmicas (ca. 18.000 espécies) do mundo, com 9 a 10% acima do número de espécies citadas para a China e Indonésia, os dois países mais próximos em megadiversidade (Forzza et al. 2010). O estado do Espírito Santo, com sua grande diversidade de ambientes, é o 11º estado brasileiro em diversidade de espécies de angiospermas, com cerca de 4.000 espécies o que representa 22% do total de espécies citadas para o Brasil (Forzza et al. 2010).

O Estado possui uma área de 46.184 km2, que já foi totalmente coberta por Floresta Atlântica, compreendendo a maior parte do Corredor Central da Mata Atlântica (MMA 2006), que abriga importantes centros de endemismos de plantas e considerado área de extrema importância biológica (Prance 1982; Soderstrom et al. 1988; IPEMA 2005). A vegetação é composta por Floresta Ombrófila, Floresta Estacional Semidecidual, Formações Pioneiras (brejos, restingas, mangues) e Refúgio Vegetacional (IBGE 2004), abrigando uma flora extremamente rica e muitas espécies de distribuição restrita e ameaçadas de extinção (Prado et al. 2003; Aguiar et al. 2005; Ayres et al. 2005; IPEMA, 2005).

A flora do Estado ainda é pouco conhecida e sua elevada riqueza tem sido apontada em diversos estudos, como o de Thomaz & Monteiro (2007), sendo que o Espírito Santo foi considerado, por Veloso (1964), como um dos quatro centros de alta diversidade e endemismo da Mata Atlântica. Além desses estudos, o grande número de espécies novas para a ciência descritas para o Estado, nas últimas décadas (p.ex. Goldenberg 1999; Acevedo-Rodriguez & Somner 2001; Leme & Silva 2001; Vianna & Fontella 2002; Amorim 2003; Lombardi 2004; Chautems et al. 2005; Coelho 2006; Iganci & Morim 2009; Filardi 2011; Machado & Filho 2012), confirmam essa grande diversidade florística.

Diante da elevada biodiversidade vegetal do estado e do alto grau de complexidade de sua flora, constituindo-se o centro de diversidade e de endemismo para táxons de diferentes níveis, foi criado, em 2009, o Conselho Gestor para a elaboração do Projeto Flora do Espírito Santo que tem a Universidade Federal do Espírito Santo como Coordenadora Geral.